A música é uma forma universal de arte que transmite emoções, sentimentos e mensagens importantes, e em Angola, desde as primeiras lutas pela independência até aos dias de hoje, a música tem sido uma ferramenta fundamental de resistência e protesto.
O contexto histórico angolano é marcado pela luta pela independência, pela guerra civil e pela transição para a democracia. Durante a luta pela independência, a música teve um papel importante na mobilização do povo. Os músicos angolanos da época, como Carlos Lamartine, Liceu Vieira Dias e outros, usavam a música para transmitir mensagens de libertação e para encorajar a população a apoiar a luta contra o colonizador português.
As canções de protesto, como “Mamã África” e “Meu Herói” de Carlos Lamartine, tornaram-se hinos da luta de libertação, cantadas em comícios políticos e por soldados nas fileiras do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
Com a independência, a música tornou-se ainda mais importante, refletindo as aspirações do povo angolano pela reconstrução do país e pela justiça social. Artistas como Bonga, Waldemar Bastos e Paulo Flores emergiram na década de 1980, com canções que celebravam a identidade angolana e a cultura africana, bem como criticavam a corrupção e o nepotismo na sociedade.
A guerra civil angolana, que durou de 1975 a 2002, também teve um impacto significativo na música. Artistas como Teta Lando, Marito e outros foram forçados a fugir do país, enquanto outros, como Zé Kafala, foram perseguidos e presos por suas músicas de protesto.
No entanto, a música não deixou de ser uma forma de resistência durante esses anos difíceis. Os músicos que ficaram em Angola continuaram a escrever canções de protesto, destacando as atrocidades de ambos os lados na guerra e pedindo a reconciliação do povo angolano.
Após a guerra civil, a música tornou-se ainda mais importante na transformação da sociedade angolana. Os artistas emergentes, como Anselmo Ralph, C4 Pedro e Yola Semedo, refletem a nova Angola pós-guerra, bem como os desafios que o país ainda enfrenta em termos de corrupção, pobreza e desigualdade social.
A música tornou-se também uma plataforma para a divulgação de campanhas sociais e políticas importantes. Em 2013, a música “O Povo é que Manda” juntou artistas como Yuri da Cunha, Matias Damásio, Anselmo Ralph e outros em apoio à campanha de registo eleitoral em Angola.
A música, portanto, continua a ser uma forma de resistência e protesto na sociedade angolana atual. Os artistas angolanos continuam a escrever canções de protesto, pedindo a mudança política, a justiça social e econômica e uma Angola mais unida.
Em conclusão, a música tem sido e continua sendo uma forma importante de resistência e protesto na história de Angola. Desde os primeiros anos da luta pela independência até aos dias atuais, a música tem sido uma ferramenta importante para a mobilização popular e para transmitir mensagens de libertação e justiça social. A música angolana é um reflexo da história, da cultura e das aspirações do povo angolano, e continua a ser uma expressão significativa e emocionante da sua luta pelos seus direitos e liberdades.