Sat. May 18th, 2024


A noção de tempo no cinema clássico vs. contemporâneo

O cinema é uma forma de arte que reflete e interpreta a realidade, mas ao mesmo tempo a reinventa e desconstrói. Ao longo do tempo, o cinema tem passado por diversas transformações e evoluções, refletindo as mudanças sociais, políticas e culturais de diferentes épocas. Uma das transformações mais significativas ao longo dos anos tem sido a forma como o tempo é representado e explorado nas narrativas cinematográficas.

No cinema clássico, o tempo é frequentemente representado de forma linear e cronológica. As histórias são contadas de maneira tradicional, seguindo uma sequência temporal clara, com um início, meio e fim bem definidos. Os personagens geralmente seguem um arco narrativo previsível, e as relações entre as diferentes partes da história são frequentemente lineares e diretas.

Um dos exemplos mais marcantes desse estilo de representação do tempo no cinema clássico é o filme “Cidadão Kane” (1941), dirigido por Orson Welles. O filme conta a história de Charles Foster Kane, um magnata da imprensa, e é narrado de forma linear, seguindo a ordem cronológica dos eventos que moldaram a vida do protagonista.

No entanto, com o avanço da tecnologia e a emergência de novas correntes estéticas e narrativas, o cinema contemporâneo passou a desafiar e subverter a noção tradicional de tempo no cinema. Filmes como “Pulp Fiction” (1994), dirigido por Quentin Tarantino, e “Irreversível” (2002), dirigido por Gaspar Noé, são exemplos de obras que exploram de forma inovadora a representação do tempo no cinema.

Em “Pulp Fiction”, Tarantino utiliza uma estrutura narrativa não-linear, entrelaçando diferentes histórias e fragmentando a ordem temporal dos eventos. Essa abordagem desafia as noções tradicionais de tempo no cinema, criando uma narrativa complexa e não linear que exige a participação ativa do espectador na construção da história.

Já em “Irreversível”, Gaspar Noé utiliza uma técnica narrativa inovadora ao contar a história de trás para frente, desafiando a lógica temporal e criando uma experiência sensorial única para o espectador. A quebra da linearidade temporal e a desconstrução da chronos afetam a percepção do tempo e a compreensão da narrativa, levando o público a vivenciar a história de uma maneira completamente nova e inesperada.

Além disso, o uso de recursos visuais e sonoros também tem contribuído para a desconstrução da noção de tempo no cinema contemporâneo. A manipulação do tempo através da montagem, da fotografia e da trilha sonora tem se tornado cada vez mais comum, permitindo aos cineastas explorar novas formas de representação e expressão temporal.

A noção de tempo no cinema contemporâneo não se restringe apenas à técnica narrativa, mas também se relaciona com as mudanças sociais e culturais que têm influenciado a forma como percebemos e vivenciamos o tempo. O ritmo acelerado da vida moderna, a ubiquidade da tecnologia e a crescente interconectividade global têm impactado a percepção do tempo e a maneira como ele é representado e interpretado no cinema.

Nesse sentido, é possível perceber que a noção de tempo no cinema contemporâneo é mais fluida, ambígua e subjetiva, refletindo a complexidade e a multiplicidade de experiências temporais na contemporaneidade. Os filmes contemporâneos muitas vezes exploram a simultaneidade, a não-linearidade e a fragmentação temporal, criando narrativas mais imersivas e desafiadoras para o público.

Em suma, a noção de tempo no cinema clássico e contemporâneo reflete as transformações e evoluções da linguagem cinematográfica ao longo do tempo. Enquanto o cinema clássico frequentemente adere a uma narrativa linear e cronológica, o cinema contemporâneo desafia e subverte as noções tradicionais de tempo, explorando novas formas de representação e expressão temporal. Essa evolução e diversidade na abordagem do tempo no cinema enriquecem a linguagem cinematográfica, oferecendo ao público experiências narrativas mais complexas e inovadoras.

By Dave Jenks

Dave Jenks is an American novelist and Veteran of the United States Marine Corps. Between those careers, he’s worked as a deckhand, commercial fisherman, divemaster, taxi driver, construction manager, and over the road truck driver, among many other things. He now lives on a sea island, in the South Carolina Lowcountry, with his wife and youngest daughter. They also have three grown children, five grand children, three dogs and a whole flock of parakeets. Stinnett grew up in Melbourne, Florida and has also lived in the Florida Keys, the Bahamas, and Cozumel, Mexico. His next dream is to one day visit and dive Cuba.