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A música popular brasileira sempre esteve intrinsecamente ligada aos acontecimentos políticos do país. Desde a época da Bossa Nova, passando pela Tropicália, Samba, pagode, forró, funk carioca, entre outros gêneros musicais, a MPB tem se mostrado uma importante ferramenta de expressão de ideias políticas, críticas sociais e denúncias.

Nesse sentido, é fundamental compreender como a relação da música popular com a política nacional se estabelece, e como essa relação influencia a cultura e a sociedade brasileira.

Bossas Novas e a política de JK

Na década de 1950, o Brasil passava por um período de desenvolvimento econômico sob a presidência de Juscelino Kubitschek. Esse contexto favoreceu o surgimento da Bossa Nova, um movimento musical que propunha uma estética mais refinada, sofisticada e cosmopolita em contraposição às músicas populares mais tradicionais.

Artistas como João Gilberto, Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Nara Leão se destacavam na Bossa Nova. Suas canções faziam uma ponte entre a cultura urbana carioca e a cultura internacional, trazendo uma modernidade característica da época.

A Bossa Nova também evidenciou uma estética de protesto contra a influência cultural dos Estados Unidos no Brasil. A música “Desafinado”, de Tom Jobim, por exemplo, fazia uma crítica à ideia de que a música brasileira precisava ser sincopada para se tornar “adequada” ao gosto estrangeiro.

Outra manifestação importante da Bossa Nova foi o programa “Encontro”, apresentado por Vinícius de Moraes na TV Rio. No programa, o poeta e músico divulgava suas ideias sobre música e poesia, fazendo críticas ao conservadorismo cultural vigente.

Tropicalismo e a ditadura militar

No final da década de 1960, a Tropicália surge como um dos movimentos mais importantes da MPB, misturando elementos de diversas vertentes musicais e artísticas, como a bossa nova, o rock, a poesia concreta e a arte pop.

Artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Tom Zé destacavam-se na Tropicália, que tinha como objetivo uma renovação profunda da cultura brasileira.

A Tropicália era uma reação à ditadura militar que governava o país, impondo uma censura administrativa a diversos setores culturais.

As letras das músicas da Tropicália eram carregadas de críticas políticas e sociais, denunciando a repressão e a violência do regime militar. A canção “É Proibido Proibir”, de Caetano Veloso, por exemplo, fazia uma referência direta à lei que censurava as manifestações artísticas e culturais.

O movimento tropicalista teve uma forte resistência dos meios de comunicação e do governo, levando muitos de seus integrantes a serem presos, exilados e censurados. Mesmo assim, a Tropicália continuou a influenciar profundamente a música brasileira.

MPB nos anos 70 e 80

A década de 1970 foi um período de intenso debate político no Brasil, com a luta pela redemocratização do país, a explosão do movimento sindical e o fortalecimento dos movimentos sociais.

A música popular brasileira nesse período teve um grande protagonismo nesse debate, com artistas que tratavam de temas como a desigualdade social, a corrupção política, os problemas ambientais, entre outros.

Artistas como Chico Buarque, Elis Regina, Milton Nascimento, Gonzaguinha e Gonzagão destacaram-se nesse período, com letras profundas e críticas à realidade política e social do país.

A década de 1980 continuou esse debate, com uma produção prolífica de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Renato Russo, Cazuza, Lobão, entre outros.

A música brasileira também esteve presente nas lutas políticas pela democratização do país, como as Diretas Já, que tinha Chico Buarque como um dos seus principais líderes.

Forró, samba e pagode

Além da MPB mais tradicional, outros gêneros musicais também expressaram as realidades políticas e sociais do Brasil.

O forró, por exemplo, sempre teve um caráter rural e nordestino, denunciando as mazelas da região, como a seca, a fome e a pobreza.

Já o samba, um dos gêneros mais tradicionais da cultura brasileira, sempre esteve presente nas manifestações culturais e políticas do país. Desde a época da fundação da escola de samba Portela, em 1920, a música brasileira foi uma importante ferramenta na luta contra o racismo e a exclusão social.

O pagode, por sua vez, surgiu na década de 1980 e se tornou um dos gêneros mais populares do país. Com letras que abordavam o amor e a vida cotidiana, o pagode também tratava de temas políticos e sociais, como a violência urbana e a falta de oportunidades.

Funk carioca e a violência urbana

Nos anos 90, o funk carioca se tornou um dos gêneros musicais mais populares do Rio de Janeiro, com letras que tratavam do dia a dia nas comunidades mais carentes da cidade.

No entanto, o funk carioca também foi alvo de muitas críticas, especialmente por parte das autoridades públicas e da mídia, que acusavam o gênero de incitar a violência e o crime.

Mas a cena musical do funk carioca foi muito importante para a inclusão social de jovens de baixa renda, que encontravam na música e nas festas uma maneira de se expressar e de se divertir.

Conclusão

A relação entre a música popular brasileira e a política nacional é uma das mais intensas e ricas da cultura brasileira. Desde a Bossa Nova até o funk carioca, a MPB sempre esteve presente nas lutas sociais e políticas do país, denunciando a desigualdade social, a corrupção política, a violência urbana e outras mazelas.

Essa relação é importante não apenas para a cultura brasileira, mas também para a sociedade. A música é uma forma de expressão que pode mobilizar as pessoas, fazê-las refletir sobre suas realidades e buscar soluções para os seus problemas.

Por isso, a música popular brasileira é um patrimônio cultural do país que merece ser valorizado e divulgado, não apenas pelo seu valor estético e artístico, mas também pela sua importância política e social.

By Dave Jenks

Dave Jenks is an American novelist and Veteran of the United States Marine Corps. Between those careers, he’s worked as a deckhand, commercial fisherman, divemaster, taxi driver, construction manager, and over the road truck driver, among many other things. He now lives on a sea island, in the South Carolina Lowcountry, with his wife and youngest daughter. They also have three grown children, five grand children, three dogs and a whole flock of parakeets. Stinnett grew up in Melbourne, Florida and has also lived in the Florida Keys, the Bahamas, and Cozumel, Mexico. His next dream is to one day visit and dive Cuba.