Fri. Nov 22nd, 2024

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O grupo plantou e depois colheu por longas horas. Havia momentos ritualísticos que envolviam troca de experiências, comer junto, descansar – uma série de ações que acabavam com o individualismo e os cronogramas apressados ​​da produtividade capitalista. A performance não abandonou a rotina nem pretendeu criar um evento extraordinário. Não era apenas para grupo homogêneo, e não pretendia chocar ou criar uma experiência desconfortável. A performance simplesmente estabeleceu uma nova rotina diária, profunda e simples, comunitária e diversa, engajada e afetuosa. Um espírito acolhedor permeou toda a experiência.

Sim, mas acolhedor de quê? “Umuarama” sugeriu que espaços como as cidades poderiam acolher maior diversidade e complexidade biológica. Eles poderiam criar rotinas que quebrassem a violência e a lógica do mercantilismo e do individualismo ocidentais e que restabelecessem uma conexão com outras possibilidades de ser.

“Umuarama”, a meu ver, é uma obra que abre possibilidades de experimentação com a criação de uma nova rotina no coração dos labirintos urbanos mecanicistas de nossas sociedades consumistas e extrativistas. Cada rotina alternativa espalha esperança e hackeia o sistema.

É obrigação do culturalmente branco (inclusive eu) denunciar e desconstruir esse pedestal que a colonização e o racismo colocaram sob nossos pés.

Essa experimentação ressoa com o conceito de porosidade – ideia originada por Walter Benjamin e revisitada por Ernst Bloch, Mássimo Cacciari e o urbanista Bernardo Secchi, entre outros. A porosidade rompe a homogeneização das cidades ao abarcar a multiplicidade de vidas dentro delas: as vidas daqueles elementos que as sustentam, o solo que as alimenta e todas as suas interações com seus ambientes. A porosidade nas cidades permite trocas entre sujeitos de diferentes classes ou espécies, buscando o respeito aos direitos mútuos. É o oposto de estabelecer barreiras, muros ou cercos. Na recente entrevista de Eduardo Sombini com a arquiteta e urbanista italiana Paola Viganò, a arquiteta afirma: “Cada cidade, grande ou pequena, pode participar e fazer parte desta experiência… É possível imaginar uma capilaridade no que diz respeito às relações com componentes não humanos , em que a chave é olhar todo o território como um ser e habitado por outros seres. Devemos vê-los [non-humans] como seres. Quando você faz isso, seu ponto de vista já mudou.”

Isto significa um novo paradigma para a Europa. Do ponto de vista não-europeu, o paradigma não é novo, embora os que assim operam tenham sido objeto de colonização na África, na Ásia e nas Américas. Nas palavras de Ailton Krenak, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro da Tribo Crenaque, “quando despersonalizamos o rio, a montanha, quando tiramos deles seu sentido, seu sentido, pensando que tais coisas são singularmente humanas , liberamos esses locais para que se tornem resíduos da atividade industrial e extrativa. Nosso divórcio das integrações e interações com nossa Mãe Terra resulta em nos tornarmos órfãos, não apenas aqueles de nós que, em diferentes níveis, são chamados de povos indígenas, mas todos nós.”

Esse divórcio se manifesta na forma como as grandes cidades são construídas, na forma como as coisas são produzidas e consumidas, no uso predatório das tecnologias e do conhecimento e no apagamento violento de tudo o que existe fora da lógica neoliberal da competição, do individualismo e da pressa associada ao consumismo e à produtividade. Nada pode ser gratuito, lento, inútil, eterno, simplesmente belo ou espiritual. Tudo se torna uma mercadoria. Uma das maiores empresas comerciais chinesas lançou um aplicativo de reconhecimento facial chamado Smile To Pay, que permite que as pessoas façam compras com um sorriso. O rosto, a manifestação mais sagrada da nossa singularidade humana, torna-se um cartão de crédito. O sorriso, a mais generosa e sutil das expressões e das nossas infinitas emoções, torna-se uma senha para autorizar pagamentos. A lógica do capitalismo continua a mercantilizar toda relação com o mundo e os seres humanos e não humanos.

“Memórias de um antigo rio” de Gabriela Holanda

“A porosidade está relacionada com a capacidade dos líquidos de se infiltrarem nas rochas, dependendo do seu tipo. Por isso, falamos de porosidade social, imaginando cidades onde a relação entre diferentes grupos pode ser fluida. O que vemos cada vez mais nas cidades é uma redução da porosidade e fluxos e trocas muito difíceis entre parcelas da população. É possível imaginar a porosidade em termos de relações com o componente não humano, em que o fundamental é olhar para todo o território como sujeito e habitado por sujeitos. Você precisa vê-los [non-humans] como sujeitos. Quando você faz isso, seu ponto de vista já mudou. Eu considero a água um assunto, por exemplo. A racionalidade da água na cidade tem que ser entendida, não apenas como um elemento funcional que você pode redefinir como quiser, mas como um sujeito que está trazendo seu próprio modo de pensar e seu próprio comportamento.” Diz Paola Viganò no já citado Em poucas palavras: a porosidade implica em permitir trocas entre sujeitos de diferentes classes ou espécies, buscando respeitar direitos e respeito mútuos, é o contrário de estabelecer barreiras, muros, cercos.



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By Dave Jenks

Dave Jenks is an American novelist and Veteran of the United States Marine Corps. Between those careers, he’s worked as a deckhand, commercial fisherman, divemaster, taxi driver, construction manager, and over the road truck driver, among many other things. He now lives on a sea island, in the South Carolina Lowcountry, with his wife and youngest daughter. They also have three grown children, five grand children, three dogs and a whole flock of parakeets. Stinnett grew up in Melbourne, Florida and has also lived in the Florida Keys, the Bahamas, and Cozumel, Mexico. His next dream is to one day visit and dive Cuba.