Sun. Oct 20th, 2024


A Inteligência Artificial (IA) tem sido uma ferramenta crescente na produção musical nos últimos anos. Desde a criação de algoritmos de inteligência artificial para criação de música até a aplicação de tecnologias IA em processos de mixagem e produção de música, a IA tem possibilitado a criação de novos sons e estilos musicais que antes não seriam possíveis de serem criados. No entanto, isso também traz consigo desafios éticos aos criadores, artistas, produtores, bem como a indústria da música em geral.

A IA na criação musical pode ser vista de duas perspectivas diferentes: como ferramenta ou como criador independente. Quando a IA é usada como uma ferramenta, como acontece com o uso de tecnologias de IA em processos de mixagem e produção de música, os desafios éticos tendem a ser menos complexos. Neste caso, a IA é usada como um meio de otimizar processos de produção musical já existentes, o que pode economizar tempo e recursos para artistas e produtores. Os desafios éticos nesse caso envolvem principalmente o questionamento sobre a propriedade da arte criada através do uso da IA e a atribuição de crédito adequado aos artistas que contribuem para esses processos.

No entanto, quando a IA é usada como um criador independente, produzindo músicas inteiramente novas por conta própria, os desafios éticos se tornam muito mais complexos. Neste caso, a IA é programada para compor e produzir músicas inteiramente novas baseadas em algoritmos, sem a necessidade de intervenção humana. Isso significa que a IA é o próprio criador de música, o que pode levantar questões sobre a autoria da criação musical.

Um dos principais desafios éticos associados à IA na criação musical é a atribuição de autoria e direitos autorais. Se a IA é o criador de uma música, quem, então, detém os direitos autorais sobre a música criada? Algumas possibilidades seriam atribuir os direitos autorais ao criador humano da IA, à própria IA como criadora ou ainda a uma combinação entre a IA e o criador humano. Essa questão pode ser particularmente importante em termos de direitos de remuneração, já que a música criada pela IA poderia gerar lucro para seus criadores.

Outra questão ética importante é a originalidade da música criada pela IA. Como em qualquer forma de criação artística, a originalidade é um aspecto importante e valorizado da música. Embora as músicas criadas pela IA possam ser tecnicamente novas e não existirem anteriormente, alguns poderiam argumentar que elas não são originais no sentido de serem fruto da criatividade humana. O fato de a IA estar usando algoritmos preexistentes para compor músicas novas pode questionar essa originalidade.

Além disso, as músicas criadas pela IA podem levantar questionamentos sobre a intencionalidade da música. A música é frequentemente usada para transmitir emoções e ideias, e a capacidade da IA de replicar essas emoções levanta questões éticas sobre a autenticidade emocional da música produzida. O que significaria uma música soando triste, por exemplo, se não foi criada a partir de uma emoção humana verdadeira?

Ainda, a aplicação de IA na música pode aumentar a dependência da indústria musical em tecnologias e algoritmos. Isso pode levar à diminuição do espaço para a expressão artística humana e à padronização da música em resultados técnicos baseados em métricas de sucesso comercial. A música criada por inteligência artificial também pode perpetuar e reforçar desigualdades raciais e de gênero na indústria da música, uma vez que esses algoritmos baseiam-se em dados históricos sobre os gostos do público e tendem a reforçar visões estereotipadas e tradicionais.

Para lidar com esses desafios éticos, a indústria da música precisará desenvolver novas estratégias de regulamentação e supervisão das aplicações de IA na música. Isso requerirá a colaboração de especialistas em ética, direitos autorais, regulamentação tecnológica e de outros campos relevantes. As autoridades regulatórias também precisarão se adaptar para lidar com as aplicações de IA na produção musical, criando uma orientação clara sobre os direitos autorais e a autoria da música criada, bem como proteger a justiça e diversidade na indústria musical.

Em resumo, a IA pode ser uma ferramenta poderosa e útil na produção musical, mas a sua aplicação levanta complexas questões éticas sobre autoria, originalidade, intencionalidade e diversidade na criação artística. A indústria da música precisará enfrentar esses desafios para garantir um uso ético e justo da IA, protegendo tanto os interesses dos artistas e da indústria quanto da própria arte e seus consumidores.

By Dave Jenks

Dave Jenks is an American novelist and Veteran of the United States Marine Corps. Between those careers, he’s worked as a deckhand, commercial fisherman, divemaster, taxi driver, construction manager, and over the road truck driver, among many other things. He now lives on a sea island, in the South Carolina Lowcountry, with his wife and youngest daughter. They also have three grown children, five grand children, three dogs and a whole flock of parakeets. Stinnett grew up in Melbourne, Florida and has also lived in the Florida Keys, the Bahamas, and Cozumel, Mexico. His next dream is to one day visit and dive Cuba.