Mon. Sep 16th, 2024
music


A Música Como Instrumento de Resistência na Ditadura Militar Brasileira

A Ditadura Militar Brasileira, que durou de 1964 a 1985, foi um período de grande repressão política e violação de direitos humanos no país. Nesse contexto, a música se tornou uma forma de resistência e protesto contra o regime autoritário.

Muitos artistas e compositoras brasileiros utilizaram suas obras para denunciar a censura e a opressão do regime militar. As canções de protesto se tornaram uma ferramenta de comunicação muito importante para a sociedade na época, pois a imprensa e as manifestações políticas eram fortemente controladas pelo Estado.

A música de protesto ganhou força a partir da década de 1960, especialmente com o surgimento da Bossa Nova e da Tropicália. Esses movimentos musicais representavam uma nova forma de expressão artística, mais ousada e irreverente, e estavam alinhados com a cultura de protesto que emergia em todo o mundo naquela época.

Um dos primeiros artistas a utilizar a música como forma de resistência foi Geraldo Vandré, com sua icônica canção “Pra não dizer que não falei das flores” (também conhecida como “Caminhando”). A música foi composta em 1968 e se tornou um hino contra a ditadura, sendo cantada em várias manifestações políticas durante o período.

Outro artista muito conhecido pelo seu ativismo político foi Chico Buarque. Suas canções, que abordavam temas como a desigualdade social, a repressão política e a falta de liberdade, foram censuradas inúmeras vezes pelo regime militar. Uma de suas músicas mais famosas, “Apesar de você”, de 1970, foi escrita em resposta à morte do estudante Edson Luís, que foi assassinado pela polícia durante uma manifestação estudantil.

O movimento da Tropicália, liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, também se tornou uma importante forma de resistência cultural durante a Ditadura Militar. A música da Tropicália era uma mistura de elementos tradicionais da cultura brasileira com influências do rock, pop e do movimento hippie internacional. Essa mistura de estilos e influências era vista como uma ameaça ao regime militar, que via a cultura e a juventude como potenciais oposições ao governo.

Muitos outros artistas também utilizaram a música como forma de resistência durante a ditadura. Entre eles, destacam-se Elis Regina, Tom Jobim, Milton Nascimento, Ivan Lins, entre outros. Suas canções falavam sobre a falta de liberdade, a censura, a desigualdade social e a repressão política, e se tornaram ícones da luta pela democracia e pelos direitos humanos.

A força da música como forma de resistência pode ser vista nas histórias que cercam algumas das músicas mais conhecidas da época. “Apesar de você”, de Chico Buarque, foi escrita como uma forma de protesto contra a censura do governo, mas acabou se tornando um hino da resistência e da esperança por um Brasil livre e democrático. Já “Cálice”, de Chico Buarque e Gilberto Gil, foi composta em 1973 e é uma das canções mais emblemáticas do período. O nome da música faz uma alusão ao cálice da Santa Ceia, e foi utilizada como uma metáfora para denunciar a tortura e os abusos praticados pelo regime militar contra seus opositores.

A música também foi utilizada pelos movimentos sociais como uma forma de mobilização e conscientização política. Durante a ditadura, as canções foram cantadas em assembleias estudantis, manifestações políticas e encontros populares. A música se tornou um elemento unificador da sociedade brasileira, um símbolo da resistência contra a opressão e a violência do Estado.

Hoje, a música continua sendo uma forma de resistência e de luta pela justiça social e pelos direitos humanos no Brasil e em todo o mundo. As canções de protesto da ditadura militar são lembradas como uma importante fonte de inspiração para aqueles que lutam pela democracia e pela liberdade de expressão. A música brasileira, que sempre foi muito rica e diversa, substituiu a violência pela revolta com o protesto pacífico, uma característica que a torna singular e admirável.

Em resumo, a música como resistência na Ditadura Militar Brasileira é um exemplo de como a arte pode ser utilizada como uma forma de protesto pacífico em busca de direitos humanos e igualdade social. Os artistas brasileiros, com sua coragem e talento, conseguiram transformar a música em um verdadeiro instrumento de luta pela democracia e pela liberdade de expressão.

By Dave Jenks

Dave Jenks is an American novelist and Veteran of the United States Marine Corps. Between those careers, he’s worked as a deckhand, commercial fisherman, divemaster, taxi driver, construction manager, and over the road truck driver, among many other things. He now lives on a sea island, in the South Carolina Lowcountry, with his wife and youngest daughter. They also have three grown children, five grand children, three dogs and a whole flock of parakeets. Stinnett grew up in Melbourne, Florida and has also lived in the Florida Keys, the Bahamas, and Cozumel, Mexico. His next dream is to one day visit and dive Cuba.